quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Depois de virar a própria escultura, eis que me vi dança

Esta está sendo a melhor entressafra da última década e meia: caminhada, capoeira angola, escultura, dramaturgia, bolero... Sabe quando é uma curtição ficar com você mesma? Uma espécie de sabático express, pois tudo que é bom, dura esquema fast food. E pensava que a delícia da aula de cerâmica seria a modelagem: cara, sou uma Barbie à paisana - fico com aflição das unhas secando e sujando, mas não espalha que pega mal entre os bicho grilo da comunidade... Curti mesmo foi pintar uma releitura de máscara que eu fiz (só sendo de minha autoria mesmo para pendurar na parede) e encher de cores minha mandala bastarda (nos estranhamos hoje, mas ela estava batizada, não pude negar). Mergulhei tanto no processo com o engobe colorido, o pincel e as peças em estado de couro que a professora quase teve que me resgatar do meu autismo criativo. Quem diria, a hiper ativa concentrada! Só as artes plásticas salvam!
E depois, fui descobrir qual era a da dança tribal. Ela me redimiu da humilhação anos antes de achar que tinha que nascer com novos quadris na dança do ventre. O que uma dançarina com didática não faz? Lembrei da minha contação de histórias do sagrado feminino, como estes movimentos cairiam bem ali. O grupo fez uma apresentação chamada Faces no teatro do Arquidiocesano três anos atrás (cáspita de Google, nada de vídeo ou fotos), com breve locução e danças homenageando Salomé, Joana D´Arc, Anita Garibaldi... Imagine que desbunde! Lembrei que na minha apresentação de Miseráveis no Teatro Ruth Escobar sofri horrores com a preparadora vocal mandando rebolar com uma delicadeza hitleriana, para descobrir dois anos depois nas preliminares do Processo, com o diretor porta estandarte do pós dramático que TODA MULHER REBOLA e que graças à nossa bacia, provavelmente preparada para parir, não conseguíamos andar neutro como um exercício propunha. Ah, vá!
Rebolei horrores uma hora inteirinha! E aquele braço meio em mudra, meio preparando vôo, que às vezes lembrava alça de vaso e noutras movimento de dança indiana? Espero dar tchau ao músculo do adeus. Contrai a barriga! E com o vestido impróprio que estava para a prática, que esvoaçava para lá e para cá, nunca me senti tão feminina! Louca para retomar meu trabalho quase autoral de contação. Mulherices. E nem estou naqueles dias! 
Falei para a profe que pode arrumar mais aula, ganhar uma grana e nos chamar para o open house da cobertura dela em pouco tempo marqueteirando o nome para dança feminista. Ou da femilindade. Oferecer em associações de mulheres. E viva o poder do sexo nada frágil!

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